Entre a estrela e a cruz (10/03/1998 – 20/06/2010)

Eu lembro quando você chegou para mim. Lembro que eu sempre quis ter um coelhinho e meus pais sempre se faziam de desentendidos. Foi um dia de tarde. Meu pai chegou com uma caixinha bem pequenininha para uma menina de 5 anos. Perguntei “o que é isso?” ele sorriu e disse “abra que você descobre.” Quando abri, não podia acreditar! Aquela bolinha de pelo branquinha com os olhos vermelhos e assustados olhando pra mim. Fiquei tão feliz! A primeira coisa que eu fiz com ele foi botar em cima da mesa para ficar olhando para ele. De repente, ele começou a bater a pata de trás. Logo eu falei “vai se chamar TAMBOR!”

Desde então, ele era meu companheiro. Meu bichinho de estimação preferido. Adorava levar ele para o jardim e ficar olhando ele cavar os buracos na terra e deitar dentro (ele ficava todo sujo de terra). Achava muito engraçado quando ele ficava brigando com a vassoura como se fosse seu maior inimigo (ele avançava em cima e depois corria). Achava muito fofo quando ele ia tomar banho e ficava lambendo as patinhas e passando no rosto. O jeito que ele mexia o nariz rosa dele sem parar me intrigava quando eu era mais nova.

Dizem que o animal de estimação parece com o dono. Com a gente não era diferente. Ele era recatado com quem não conhecia, até mordia quem se atrevia a chegar perto (levei muita mordida e muito arranhão no início), mas depois era o coelho mais dócil e fofo (primeiro ele cheirava para ver se era você mesmo, depois ele lambia seu pé (isso fazia muita cosquinha!) e depois se deitava e ficava com você até você ir embora)

Agora ele se foi. 12 anos depois de entrar na minha vida. É impossível descrever todas as histórias que eu passei com ele. “Ele tava sofrendo, coitado. Foi melhor para ele.”. Ele vai fazer falta. Já está fazendo. Te amo meu coelhinho.



“Vai com os anjos! Vai em paz. Era assim todo dia de tarde, a descoberta da amizade. Até a próxima vez! Lembro das tardes que passamos juntos. Não é sempre mas eu sei que você está bem agora...”